Pouso no ar
Pouso no ar
A efígie desta exposição individual articula-se partindo da gestualidade ligada a uma arquitetura íntima, de conhecimentos pessoais e experiências confessionais. Cius Lopes tem seu processo criativo vinculado a reflexão do desenho como um dispositivo associado ao risco, bem como à especulação do que é avesso e dobra, à alusão a vísceras e narrativas de intimidade concebidas a partir do quarto-ateliê do artista.
Com o desejo de conduzir práticas de compreensão, oferecendo pontos de entrada nas reflexões sobre a arte para além da autoreferência, Cius traça rotas expressivas de devires, pela incitação do movimento, como forma de dar vazão às subjetividades individuais e coletivas apresentadas nesta mostra.
Seu desenho é concebido em uma perspectiva expandida de vetores de força, apostando em vias imprevisíveis de fazer, e em modos de criação mais libertos e justos. Porque enquanto as energias sistêmicas operam em um fluxo alinhado com os dispositivos de poder, nem todo gesto, movimento urgente ou insurgente é sempre imprescindível ou marcado de intenção.
É preciso rever as políticas de corpos, territórios e representações. Aqui intencionamos ofertas de esboço e diagramas como possibilidades para também desmontar os esquemas cognitivos visuais que produzem o trauma. Afinal, “criar representa a intensificação do viver.”¹ Ao friccionar pensamentos encarnados em um pilar feito de rede afetiva, o desenho de Cius se torna ponto de parada, reavaliando os impulsos, reconduzindo o desejo e transformando desde a intimidade na esfera mais íntima, até o ponto de fazer um novo corpo, suspenso para aprender a indisciplina do voo.
_RUMOS
¹ HSUAN-AN, Tai. “Desenho e organização bi e tridimensional da forma”. Goiânia, 2010.
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